Influenciadores negros ganham 12% menos, aponta pesquisa: “O cenário está cada vez mais difícil”

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O mercado de marketing de influência no Brasil está em expansão. O número de influenciadores digitais no país cresceu 67% entre março de 2024 e março de 2025, chegando a 2 milhões, e o mercado global deve atingir US$ 31,2 bilhões em 2027, segundo dados da Influency.me, empresa especialista em marketing de influência. 

Mesmo os dados mostrando essa expansão, muitos creators negros sinalizam que está cada vez mais difícil fechar contratos com marcas: “Infelizmente, nos últimos anos, os recursos para o marketing de influência diminuíram muito. Muitos influenciadores negros deixaram outras profissões para viver disso, mas o cenário está cada vez mais difícil. O que a gente espera é que as marcas se voltem para essa realidade, para que esses profissionais possam ter uma vida mais digna”, afirma a influenciadora Luana Safire, conhecida por seu conteúdo sobre cultura e vivências negras.

influenciadores negros relatam baixa em investimentos por partye das marcas | Foto: pexels

Um levantamento realizado pela consultoria Black Influence, revelou que os influenciadores brancos ganham, em média, 12% mais do que os influenciadores pretos no país. Além disso, 64% dos criadores negros não consideram o mercado de influência inclusivo.

A pesquisa também mostra que profissionais negros são menos contratados para campanhas de grande visibilidade, sendo frequentemente acionados apenas em pautas relacionadas a raça e gênero, uma limitação que afeta sua autonomia e potencial de crescimento no setor.

A desproporção também se reflete no o a investimentos e patrocínios. Para Lumena Aleluia, psicóloga e criadora de conteúdo que ficou nacionalmente conhecida após sua participação no BBB 21, o problema está na falta de pessoas negras em posições de decisão nas agências e empresas.

“Tem uma baixa significativa de investimentos em projetos com pessoas negras. Não por falta de qualidade, mas porque ainda não conseguimos ocupar o espaço mais estratégico: o de decidir onde os recursos serão aplicados. Se tem uma coisa que a gente sabe fazer é se reinventar. A gente transforma dor em solução, mas precisa de estrutura para isso”, avaliou Lumena em entrevista ao Notícia Preta.

A influenciadora Carol Novaes, que soma quase 400 mil seguidores no Instagram, também ressalta que o apoio das marcas ainda é desigual, mas acredita na força da mobilização coletiva. “As marcas ainda não nos veem como deveriam, mas a gente segue fazendo nosso corre. Também somos consumidores. Também movimentamos o mercado”.

Mesmo diante dos desafios, artistas e criadores seguem ampliando espaços. O cantor Péricles, em entrevista exclusiva ao Notícia Preta, celebrou os avanços na produção e no consumo de conteúdos protagonizados por pessoas negras:

“Foram quebradas as barreiras. Hoje eu me sinto muito mais realizado, com muito mais gente consumindo, não só porque quer, mas porque pode. Isso era impensável há pouco tempo, e hoje é uma realidade. Para mim e para os meus, é mais uma vitória”, conclui.

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Erick Braga

Erick Braga

Formado em jornalismo no ano de 2023 pela Universidade São Judas Tadeu,criado no interior da Bahia e residindo desde 2012 em São Paulo, acredita no jornalismo profissional como ferramenta de transformação social e combate a desinformação.

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