Em 2025, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) registrou um aumento no percentual de calouros negros, autodeclarados pretos, pardos e indígenas, que agora somam 27% dos ingressantes. Apesar desse avanço, os números ainda indicam uma representatividade inferior à composição racial da sociedade brasileira.
Com base nos dados apresentados pela Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest), entre os 3.467 estudantes matriculados, 5,88% se declararam pretos, 21,17% pardos e 2,13% indígenas, totalizando 29,18%. Se considerarmos apenas pretos e pardos, excluindo indígenas, o recorte chega a 27,05% do total de ingressantes. Entretanto, a autodeclaração de pretos ainda é baixa, menos de 6%, e, somada à categoria parda, o total evidencia um avanço, mas ainda insuficiente se comparado à realidade demográfica do país.

Perfil socioeconômico e regional dos novos calouros
Além da composição racial, o perfil dos ingressantes também revela outros aspectos marcantes:
- Gênero e idade: 55,09% dos calouros são do sexo masculino, enquanto 44,91% são do feminino. A grande maioria, 42,66%, têm 17 anos de idade .
- Sistema de cotas: 24% ingressaram pelo sistema de cotas, número que representa um incremento de 2,64 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
- Escolaridade: 51,60% dos ingressantes cursaram o ensino médio exclusivamente em escolas particulares.
- Renda familiar: 18,14% declararam renda entre três e cinco salários mínimos. Em seguida, 14,74% informaram rendas entre cinco e sete salários mínimos.
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Origem geográfica
O levantamento também detalha a distribuição geográfica dos calouros:
- 37,18% são da Região Metropolitana de Campinas (RMC);
- 27,6% vêm de outras regiões do estado de São Paulo;
- 17,85% são da Região Metropolitana de São Paulo;
- 11,74% dos ingressantes residem em outros estados, principalmente Minas Gerais (21,87% desse grupo), Amazonas (12,04%) e Bahia (10,32%)
Avanços e desafios nas políticas afirmativas
O aumento no número de estudantes negros e pardos reflete políticas afirmativas e cotas raciais aplicadas pela Unicamp. Ainda assim, a baixa representação daqueles que se declaram pretos, cerca de 6%, aponta uma desigualdade que persiste, especialmente quando comparada à composição da escolaridade pública e aos dados do IBGE.
A expansão das cotas para pessoas com deficiência, que agora abrangem 6,05% dos ingressantes, demonstra a ampliação de medidas de inclusão, embora se mantenha um contraste com o perfil socioeconômico majoritariamente masculino, branco, de São Paulo e oriundo de escolas particulares.