O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foi denunciado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) por envolvimento em um suposto esquema de fraude esportiva e estelionato relacionado a apostas esportivas. A denúncia foi apresentada nesta quarta-feira (11), e inclui também familiares e pessoas próximas ao jogador.
Segundo a Promotoria, Bruno Henrique teria informado previamente ao seu irmão que cometeria uma infração disciplinar, especificamente, a prática de uma falta que resultaria em cartão, durante a partida entre Flamengo e Santos, válida pelo Campeonato Brasileiro de 2023 e realizada no dia 1º de novembro, em Brasília.
Com essa informação, o irmão do jogador, Wander Nunes Pinto Júnior, teria realizado apostas em plataformas digitais, prevendo a punição ao atleta. Além dele, outras pessoas também teriam sido avisadas sobre a ação e apostado no mesmo evento, resultando em ganhos financeiros com base em uma suposta manipulação do resultado parcial do jogo.

Detalhes da denúncia
A investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), braço do MPDFT, aponta que o esquema envolvia apostas em sites como GaleraBet, Betano e KTO. As movimentações financeiras teriam gerado um lucro de aproximadamente R$ 17 mil, a partir de um investimento inicial estimado em R$ 5.700.
Durante a apuração, o Ministério Público reuniu mensagens trocadas entre Bruno Henrique e seu irmão, obtidas a partir da quebra de sigilo telemático autorizada pela Justiça. Os diálogos indicariam que o atleta comunicou com antecedência sua intenção de provocar um cartão amarelo durante a partida.
Além de Bruno Henrique e Wander Júnior, foram denunciadas outras sete pessoas: Ludymilla Araújo Lima (cunhada do jogador), Poliana Ester Nunes Cardoso (prima), Claudinei Vitor Mosquete Bassan, Rafaela Cristina Elias Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento, Andryl Sales Nascimento dos Reis e Max Evangelista Amorim.
O MPDFT pede ainda o pagamento de uma indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 2 milhões, caso os envolvidos sejam condenados.
Paralelamente ao processo criminal, o caso também está sendo reavaliado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O tribunal esportivo já havia arquivado a denúncia em 2023, mas, com a apresentação de novas provas pelo MP, o processo foi reaberto e está em fase de instrução. Bruno Henrique prestou depoimento ao STJD no fim de maio de 2025. A entidade tem até 60 dias para decidir se oferecerá nova denúncia esportiva ou encerrará o caso definitivamente.
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O que diz a defesa de Bruno Henrique
Em nota oficial, a defesa do jogador, representada pelo advogado Felipe Carvalho, afirmou que a denúncia é “inteiramente insubsistente” e classificou o momento da apresentação do caso como “coincidente e oportunista”, em referência à convocação do atleta para a disputa do Super Mundial de Clubes da FIFA.
A defesa declarou que Bruno Henrique “jamais participou de qualquer prática ilícita ligada a apostas esportivas” e prometeu contestar a acusação em todas as instâncias possíveis. “As indevidas acusações formuladas serão técnica e imediatamente refutadas no processo”, diz o comunicado.
Próximos os
Agora, cabe ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) decidir se aceita ou não a denúncia do MPDFT. Se acolhida, Bruno Henrique e os demais envolvidos se tornarão réus e responderão judicialmente pelos crimes de fraude em competição esportiva e estelionato, cujas penas, somadas, podem ultraar 15 anos de prisão.